segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O cachorrinho


Sociedade incrivel esta em que vivemos.
Não tenho bem a noção a nivel global, mas está-me a parecer que o que está a dar é as gerações rebeldes com as miudas de 13/14 anos com comentários e observações do genero:

"Uh!!! Olhem aquele gajo!... uhh... Musculado... uh... Que garanhão... hmmmmm... que corpão... Ai, aquele look rebelde... Que gajo todo bom..."


E o pobre do cachorrinho... que não é musculado, garanhão, não tem look rebelde nem é todo bom, que se lixe! -.-

Que leve pontapés e seja gozado e criticado ao máximo. E se, por causa dos pontapés, passar a coxear e tiver um coxear engraçado, a diversão aumenta. Torna-se num animal muito engraçado.
E se ele ficar agressivo, não se percebe, o cão que baixe a bolinha, mas é, antes que irrite alguém. Ou que fuja então, o cobarde do cão. Que fuja que nem uma menininha...

E foge...
O cão foge...
Se não pode lutar, ele foge...
Foge para onde o silêncio reina, para onde não há risos, onde não há passos, onde não há mais nada para além dele e a escuridão a protegé-lo.
Porque a luz é má.

A luz permite que o vejam.
Os passos simbolizam pessoas a se aproximarem.
Os risos relembram o quanto se divertem à custa dele.

No entanto, ali... Mergulhado na escuridão e no silêncio, ele está seguro.
E, pela primeira vez, consegue descansar. Baixa a cabeça e estende-se no chão esperando que a dor nas patas passe aos poucos e poucos. Reza para que aquele minuto de descanso e de paz dure. Porque ali, pela primeira vez em muito tempo... Sente-se bem.

Ali...
...onde é, finalmente, possivel conseguir descansar... ter paz...ter segurança...
...naquele silêncio profundo onde até dá a sensação que os próprios pensamentos são audiveis como

Murmúrios no Silêncio.

Que este blog não seja mais que isso. Que não seja mais que aqueles momentos em que, no silêncio, os pensamentos se oiçam. Que sejam eles, nem que seja por um bocado, murmúrios.

A ilusão

É raro quem não veja um espelho todos os dias. Um espelho onde nos penteamos, onde nos olhamos depois de vestidos,...

Um espelho que exibe o nosso reflexo em que nos olhamos e sabemos perfeitamente que se essa imagem levantou o braço esquerdo é porque levantamos o direito... Essa imagem que copia tudo o que fazemos, mas ao contrário.


E é no contrário que nos baseamos todos os dias. No oposto daquilo que queremos. Passamos a vida toda a admirar o que não queremos ser ou fazer.

Não matar, não roubar, não atravessar uma estrada sem olhar primeiro, não isto, não aquilo,... Porque houve quem fizesse disso e que se deu mal. Sejamos então o oposto disso! Sejamos o contrário disso tudo! Porque o contrário é bom(?). Porque o oposto de uma coisa má é uma coisa boa(?). Atravessemos as estradas olhando cuidadosamente porque houve quem não o fizesse e que se deu mal. E sejamos honestos porque a desonestidade é má.


A própria lei pune quem fizer o contrário do que é bom.

E a menos que se prove que uma pessoa é desonesta, ela é honesta. A menos que se prove que uma pessoa é má, ela é boa.


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Dou oficialmente então os parabens a todas as BOAS PESSOAS que existem no mundo!

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Porque o oposto do mau, é o bom. Se uma pessoa não fez nada de mau, é boa, e é bem mais facil de provar quando uma pessoa é má de que quando é boa. Então... Uma pessoa é boa a menos que provem o contrário.

Todo o mundo funciona assim, felizmente, porque o contrário disso iria ser o mais absurdo possivel. Que tal enviar para a prisão todas as pessoas que não conseguirem provar que não violaram uma lei? (Pobre daquele que funcionar desta maneira.)

O certo é que uma pessoa boa (e que se sente boa), nem sempre é boa por fazer coisas boas, mas sim por não fazer coisas más.


Porque nós nem sempre tentamos fazer o que é bom. Simplesmente, por vezes, nós tentamos não fazer o que é mau.




Como se alguma vez o contrário de mau...

...fosse bom!