sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Lobos


As nuvens cobrem o céu destruindo a luz que a lua emana.
Está frio. Bastante, até.
Um frio, gelido de tal forma que, aquele rapaz, já homem-feito, por mais que transpire do esforço de se tentar libertar, ainda treme do frio.
É de noite e ainda algumas estrelas brilham no céu sobre aquela floresta que lhe é estranha e longe das luzes de uma cidade, lá longe, no horizonte. Não faz a minima que cidade seja e também não interessa muito nesse momento. Não lhe serviria de nada.
Naquele momento, o que lhe vem à cabeça são as recordações de uma infância já há muito perdida.
E ele que se meteu numa alhada por pensar no bem para o mundo.
O segredo que ele descubriu e que, por poucos, ia conseguindo revelar foi o que o meteu naquela mesma situação e agora ninguém faz a minima ideia de onde ele está. Sentirá, ao menos, alguém a falta dele? Porque não o mataram logo? Porquê deixá-lo ali preso a uma árvore a olhar para o céu com as trevas prestes a cobrir a luz que o permite distinguir as sombras por entre as árvores? Lobos! Uns três, talvez quatro, com o pelo escuro e olhos brilhantes a fitá-lo.
Remexeu-se mais uma vez a tentar soltar-se, mas as cordas que lhe prendiam as mãos estavam bastante apertadas e cravavam-se na pele ao ponto de lhe porem as mãos dormentes.
A maior preocupação nem era essa, eram os lobos que se aproximavam. Tinha a sensação que havia mais mas ele não os conseguia ver daquele ângulo.
Por momentos, escureceu tudo, que as estrelas desapareceram sob o manto negro do céu e ele sentiu um peso em cima de uma perna. Conseguia imaginar um lobo, naquele preciso momento, em frente a ele.
Porque não o atacou logo?
Talvez esperasse que ele se tentasse defender de alguma maneira. Ou talvez estivesse só a saborear o momento antes de se atirar a ele com os dentes.
Voltou um pouco de luz. O suficiente para ele poder ver uns dentes em frente ao seu próprio nariz e aperceber-se que o bafo de ar que recebia era a respiração daquela criatura.

Fechou os olhos e não voltou a ter hipotese de os abrir de novo.



"Nunca te metas onde não és chamado.
Podes vir a te arrepender disso."

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